terça-feira, outubro 31, 2006

Plano Nacional de Leitura

No seu quiz cultural diário José Carlos Malato, em amena cavaqueira com o concorrente da vez e a propósito da pergunta que se seguia na categoria de literatura, perguntava ao seu interlocutor se tinha algum escritor preferido... algum autor de que fosse leitor especial. O concorrente, para separar as águas devidamente, respondeu prontamente:

- Português ou estrangeiro?

Malato, entusiasmado e intrigado, retorquiu:

- Pode ser estrangeiro...

O concorrente, com uma segurança que seria injusto não destacar, responde de novo:

- Nenhum em especial...

segunda-feira, outubro 23, 2006

Torgal faz anos

Ao crítico musical, crítico de cinema, contador de histórias, animador de massas nos tempos livres e verdadeira alma deste blogue... um grande abraço de parabéns.

terça-feira, outubro 17, 2006

Salvé Regina

Concerto de Regina Specktor, no extremo oposto de Beck, intimista (órgão e guitarra), em fundo preto.

A russa, lançada às feras pelos “Strokes”, tem uma legião de fãs nos EUA que eu não julgava possível, quase só e apenas “teenagers”.

A voz de Regina Specktor lembra-me alternadamente a Teresa Salgueiro nos registos altos e da Uta Lemper nos registos baixos.

Um concerto muito bom com uma companhia perfeita.

Devil’s Haircut


Grande concerto de Beck, entra directamente para o top 3 dos meus melhores concertos de sempre (ao lado do inolvidável concerto dos “Faith no More” no Campo Pequeno). Um “set” marcado pelo novo disco, muito de “guero”, algum “odelay”, pouco “sea changes”, nenhum “midnight vultures”. Algumas versões de Beck com os “Flaming lips” e muita, muita música.

A produção do espectáculo é muito boa. Um espectáculo de marionetas recreando o Beck e cada um dos músicos, feito “in loco”, imitando na perfeição todos os movimentos dos verdadeiros. Nos projectores em vez de vermos os habituais movimentos da banda, apenas vemos as marionetas e olhamos para o palco e vemos exactamente o mesmo mas dos verdadeiros, até ao ponto que não sabemos quem canta e quem imita. Uma sessão de “jamming”, durante a parte acústica do concerto, com pratos, copos e talheres e o Beck vestido de urso gigante a lançar-se em voo para a bateria.

Um concerto perfeito com uma companhia perfeita.

Outono


"Trouble" de Ray LaMontagne

sexta-feira, outubro 13, 2006

Infâmia

O Prémio Nobel da Paz deste ano foi (pelo que li e ouvi, muito bem) entregue a um banqueiro do Bangladesh e ao banco que fundou: a Muhammad Yunus e ao Grameen Bank respectivamente. Com um banqueiro e o seu banco a serem premiados com tamanha distinção até imagino Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa a trepar pela paredes. O topete daquela gente! O descaramento!

quarta-feira, outubro 11, 2006

Nada bate certo #2

Depois do aparecimento de uma facção castrista lá para os lados do Largo do Caldas, dou por mim a ver o Sérgio Godinho a representar as cores do Sporting C.P. numa mesa redonda sobre futebol. Estou confuso.

A solidão do Monge

A propósito do aniversário da morte de Thelonious Monk a entrevista de Bill Clinton em 1992 com uma jornalista:

Jornalista: Is there one thing you've always wanted to do?
Clinton: I always wanted to play sax with Thelonious Monk.
Jornalista: (clearly confused) And who is the loneliest monk?

quarta-feira, outubro 04, 2006

terça-feira, outubro 03, 2006

"O apanhador no centeio"

“Catcher in the Rye” de J.D Salinger é de culto, é subversivo.

Holden Caulfield, 16 anos, é capaz de ser das personagens mais fascinantes da literatura americana, tanto ou mais que o próprio autor, figura misteriosa que recusa ser entrevistado.

O que é curioso no personagem Holden Caulfield é que não representa nenhum estereótipo, não é revolucionário (o seu sonho é viver com uma mulher muda numa cabana em floresta deserta), não é corajoso (ele considera-se um “yellow”), não é um lutador, não é especialmente brilhante, enfim é um “regular Joe”.

No entanto é um personagem que suscita compaixão, e com quem, de alguma maneira, nos sentimos identificados. A sua maior preocupação é a falsidade, a incapacidade dos demais serem genuinamente verdadeiros, a representação, a actuação. Quer seja na forma de vestir, nas palavras usadas, no raciocínio utilizado, nos trejeitos, na forma de andar… Nunca somos verdadeiramente nós próprios. Como resultado Caulfield está sempre deprimido.

Na busca de alguém genuíno Caulfield consegue incompatibilizar-se com os todos os que o rodeiam, excepto com a sua irmã de 10 anos, Phoebe (Aos 10 anos ser genuíno não custa nada, é espontâneo).

Mas, na verdade, a pessoa menos genuína é o próprio. Caulfield sistematicamente suspira pelo passado, sendo certo que o passado fazia-o tanto ou mais deprimido que o presente. Ora, não existe maior falsidade que depender do passado para poder criticar o presente pois o tempo é bastante selectivo a apagar memórias.

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