terça-feira, novembro 07, 2006

Uma campanha alegre

A democracia mais evoluída do mundo não é mais do que a democracia mais divertida no mundo. No estado em que tenho o prazer de viver actualmente (estado de Illinois) os personagens na corrida para governador são a senhora Judy Baar Topinka, com voz de quem fuma 3 maços de Galloise por dia e com um cabelo curto de uma cor ruiva altamente suspeita, que representa os republicanos, do outro lado do ringue mora um senhor chamado Rob Blagoevich (nome que por mais que tente não consigo situar no continente americano), com uma poupa de meter inveja ao Donald Trump, representante dos democratas.

A história conta-se numa penada;

No início o governador do Estado de Illinois era um septuagenário republicano de nome Ryan (nome que destoa com os demais envolvidos na história). Parece que este governador tinha muito amor ao cargo confundido as suas contas pessoais, com as do estado e as do partido. Em razão da sua idade tampoco soube explicar como tudo se tinha passado e porque nesta idade fazer contas é muito confuso, mas não é justificação para nada, foi bater com os costados na prisão sem direito a passar pela casa de partida.

Em razão disso os democratas “limparam” tranquilamente as eleições e o senhor Blagoevich foi eleito governador.

Chegamos à campanha para as actuais eleições. O senhor Blagoevich resolve atacar com um “negative ad.” com o título “What she’s thinking”, parece que a senhora Topinka era ministra do tesouro do senhor Ryan, e deveria ter vergonha de fazer parte de um bando de gatunos, convenientemente as imagens do anuncio são a senhora Topinka num comício dirigindo-se ao senhor Ryan nos seguintes termos; “ You are a damn decent guy governor, and I love you dearly.”

A senhora Topinka não se fica e faz o seu “negative ad.” de título “Had enough?” dizendo que o senhor Blagoevich é o político mais corrupto da história, que ao lado dele o senhor Ryan é um aprendiz de ofício, que o FBI está em cima do acontecimento e que aguardem por mais novidades.

A senhora Topinka parece ter algum jeito para a coisa porque dias depois o chefe de campanha do senhor Blegoevich, um tal senhor Retzko (também difícil de situar nos EUA, não é do sul com certeza), é preso pelo FBI por financiamentos ilegais.

O senhor Blagoevich vem a televisão dizer que não tem qualquer envolvimento na matéria e que desconhecia em absoluto as tropelias do senhor Retzko. Para suportar semelhante afirmação vem o senhor Obama (este definitivamente não o coloco nos EUA), Senador do grande estado de Ilinois, dizer que o senhor Blagoevich é de uma seriedade acima de qualquer suspeita (o senhor Obama parece que acabou de editar um livro que é um bestseller nos E.U.A. sendo inclusive falado como o futuro candidato dos democratas à presidência da Federação, logo a ajuda vinha mesmo a calhar).

Mas como o que parece nem sempre é, parece que a investigação do FBI revelou que o senhor Blagoevich tinha um invulgar hábito de contratar jovens trabalhadores e depois receber cheques chorudos dos progenitores desses trabalhadores (devia ser só para agradecer o novo trabalho dos filhos), mais parece que o senhor Obama vivia paredes meias com o Senhor Retzko (vivia, porque o senhor Retzko neste momento descansa nos calabouços do FBI) e que inclusive fizeram vários negócios juntos.

Como devem calcular a Senhora Topinka anda pelos arames e o Senhor Blagoevich anda com os nervos em franja, e as eleições são já amanhã.

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