terça-feira, junho 30, 2009

Da imperfeição iluminada de um país

Os portugueses adoram a teimosia. Fazem o culto da teimosia. Teimam em ser teimosos. Mesmo que não o sejam, são teimosos ao ponto de se classificarem como tal. Não há nada mais certo e previsível: pergunte-se a anónimos ou personalidades públicas, ícones do auto-intitulado jet-set ou a aspirantes a putas mediáticas: "Qual o seu maior defeito?". A resposta é automática e vaidosa: "Sou muito teimoso/a". É de chapa. Deve tratar-se de um defeito com uma nobreza especial. Um defeito snob. Pelo menos essas pessoas assim devem pensar. Afinal de contas, à pergunta "Qual o seu principal defeito?" não deverá soar muito bem responder "Ah... essa é fácil: sou um pederasta inveterado". Não. Mesmo dentro dos defeitos, há uns melhores que outros, e a teimosia deve ser do melhor que anda aí. Pelo menos assim pensa todo um país, o tal dos brandos costumes. Neste país, humildade é uma conceito menor quando o desafio em cima da mesa é o exercício de admitir qual o seu maior defeito. E eles teimam nisso.

Sem comentários:

Seguidores

Arquivo do blogue