Este governo tomou como medida de impacto (todos os fazem aquando da tomada de posse) liberalizar a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) fora da farmácia.
Tem o meu aplauso; todo o negócio em que a alta fonte do rendimento não encontra correspondência na qualificação técnica ou na geração de riqueza a terceiros parece-me profundamente ilógico e na maior parte dos casos profundamente injusto.
Pois em boa hora o governo decidiu e em boa hora o discute na A.R.
Cumpre apenas ver até onde o governo quer ir e até onde o deixam ir.
Aquando do anúncio da medida um estudo junto dos Directores Técnicos e Farmacêuticos indicava que 93% dos inquiridos não concordavam com esta medida, sendo a principal razão o medo de intoxicação dos utentes (sem comentários). Esse mesmo estudo dizia no entanto que caso a venda de MNSRM fora das farmácias tivesse um apoio permanente de um técnico farmacêutico já 50% desses técnicos concordavam com a medida (sem comentários).
É por isso sem estranheza que vejo o projecto-lei a contemplar a presença obrigatória de técnicos de farmácia junto dos pontos de venda de MNSRM.
Considero que esta medida a pecar por alguma coisa, é por escassa. Para mim não só os MNSRM deviam ser vendidos fora das farmácias, como também os medicamentos sujeitos a receita médica o deviam.
Da mesma forma que nenhum técnico pode evitar que eu compre 50 caixas de um MNSRM e vá para casa enfrascar-me neles, nenhum técnico pode impedir que eu em vez de tomar um MSRM 2 vezes por dia tome 4.
O técnico de farmácia em tempos foi útil, quando pegava no seu almofariz e fazia os ditos medicamentos.
Hoje, basta saber ler receitas médicas e escrever em exíguos espaços de cartão. Convenhamos que, em boa verdade, para saber fazer isso não é preciso ser farmacêutico.
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