quarta-feira, maio 04, 2005

Conversa do bandido

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

Bocage in "Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas"

1 comentário:

Anónimo disse...

Machista!
Preconceituoso!
Achas graca a essa poesia vergonhosa que enaltece a velha ideia da mulher-recebedora e passível de ser possuída pelo homem, é?!!
Também gostavas que te levantassem os folhos?!!
Havias era de te submeter a uma sessao de hipnose com a dótora Odete. Ela é que sabe de poesia e dar-te-ia uma boa licao sobre o que é a verdadeira mulher de hoje! Gritar-te-ia aos ouvidos num tom pausado, bem soletrado e entre perdigotos:

Luísa, sobe
sobe a calcada,
sobe e nao pode que vai cansada. (...)
Ferve-lhe o sangue de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada. (...)
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
nao dá por nada.(...)
Chegou a casa
nao disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada; (...)
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
nao deu por nada. (...)
Na manha débil,
sem alvorada,
salta da cama desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada; (...)

Wolfman (com um ataque de bloquismo)

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