Diga-se desde já que a barba do fulano é um verdadeiro portento. Um força da natureza. Apesar disso as pessoas estavam lá para ouvi-lo e não para vê-lo. Lá no
Lounge, ainda hoje um dos 3/4 santuários nocturnos de Lisboa que ainda interessam e com a capacidade de fazer as pessoas felizes. E as pessoas, muitas. Estava lá o
jet-set todo. Desde amadores, semi-profissionais e profissionais, a um ou dois dos 37 membros dos !!! que tinham acabado de tocar algures na capital num dos 452 festivais de música de verão (expressão abominável esta).
Depois de uma boa hora a beber copos em plena Rua da Moeda, Kyp lá pegou na guitarra, tratou de a ligar ao amplificador e toma lá um chuto nos tomates. Começa com uma desarmada música dedicada à filha. Percebeu-se que não se estava ali para dançar. Tudo aquilo, toda aquela hora de stand-up music era pura expiação. Um homem. Uma guitarra.
Com o decorrer do set vários foram os convidados a partilhar o palco com Kyp, que por sinal também é Malone. Ora sozinhos, ora em orgia, lá estavam Bob Dylan, Gil Scott-Heron, Jimi Hendrix, John Cale, Lou Reed, o Boss do Nebraska, Andy Warhol, Tom Verlaine, Basquiat, Jeff Buckley. Um monte deles. Um monte.
No fim, afectuosidade foi o que ficou. Do Kyp para com o público. Do público para com o Malone. Tudo muito familiar. Alguns filisteus ainda insistiram na ideia que durante aquela hora estava-se ali para beber umas imperiais e ouvir o barbudo em cima do palco. Mas é sempre assim. Todas as famílias têm as suas ovelhas negras.