Não será uma zona nobre como o Chiado, uma zona chique como a Lapa, ou uma zona moderna (ou nem tanto) como a Avenida de Roma. Mas que não deixa ninguém indiferente é seguro.
Tavez o facto de numa cidade feita de prémios montanha, existir um refrescante planalto, saudavelmente organizado, ajude.
Mas são as pequenas coisas que fazem a diferença e que não dispenso.
Desde que conheço Campo de Ourique conheço as mesmas lojas, os mesmos restaurantes e os mesmos cafés, numa teimosia obstinada ao passar do tempo. A "Alcalá" da Almeida e Sousa, o "Eduardo dos Livros" na Tenente Ferreira Durão, a Ler" na 4 da Infantaria, o "Canas" na Saraiva de Carvalho, ou o "Értilas" e a "Tentadora" na Ferreira Borges.
Todos os que tentaram ensinar a esses habitantes novos hábitos e costumes... falharam. Disso exemplo será a passagem meteórica da loja "Mariana" pela Ferreira Borges, não durou mais que os restos de perú congelado do Natal 2004. Ou o "Café di Roma" da mesma rua que não serviu bicas o suficiente para aquecer um Inverno.
Tavez o facto de numa cidade feita de prémios montanha, existir um refrescante planalto, saudavelmente organizado, ajude.
Mas são as pequenas coisas que fazem a diferença e que não dispenso.
Desde que conheço Campo de Ourique conheço as mesmas lojas, os mesmos restaurantes e os mesmos cafés, numa teimosia obstinada ao passar do tempo. A "Alcalá" da Almeida e Sousa, o "Eduardo dos Livros" na Tenente Ferreira Durão, a Ler" na 4 da Infantaria, o "Canas" na Saraiva de Carvalho, ou o "Értilas" e a "Tentadora" na Ferreira Borges.
Todos os que tentaram ensinar a esses habitantes novos hábitos e costumes... falharam. Disso exemplo será a passagem meteórica da loja "Mariana" pela Ferreira Borges, não durou mais que os restos de perú congelado do Natal 2004. Ou o "Café di Roma" da mesma rua que não serviu bicas o suficiente para aquecer um Inverno.
Temos, também, a religião. Que bairro se pode orgulhar de ter mais templos do que o somatório de todos os existentes nos bairros adjacentes? É nos Prazeres, é em Santa Isabel e será em Santo Condestável só para falar dos mais imponentes. Falamos de um aparente pulsar de fé incomparável.
E por falar em religião, que outro bairro tem mais referência à República? O "pulmão verde" é da parada (militar) que ostenta, orgulhosamente, um vigoroso seio republicano. A 4ª e a 16ª Infantaria dispensam apresentações. E para rematar a primeira bomba do 5 de Outubro tinha logo de cair na esquina da Rua do Patrocínio... Duarte Pio e sua prole não devem ser assíduos da Ferreira Borges aos Sábados à tarde.
Depois existem coisas verdadeiramente inquietantes. O quartel de bombeiros ser em frente a um lar para cegos e a taxa de sinistralidade rodoviária ser zero é, no mínimo, milagre (lá está o efeito dos templos).
Campo de Ourique não tem estacionamento, pois não. Só tem cinemas em ruínas, pois só. O estádio de Alvalade é longe, pois é. Mas sinto-o como se fosse meu...
14 comentários:
Tenho que mostrar este post em casa da tua vizinha... que por acaso é minha avó.
A Francisca tem dois filhos estupendos – a Madalena e o Lourenço. É casada com Bernardo, o homem da sua vida, que é fantástico e que “me ajuda imenso”.
Desde nova que adora crianças e acabou por tirar o Bacharel de Educadora de Infância. Considera-se uma sortuda porque trabalha no Colégio Salesianos e consegue estar o dia todo com os pequeninos, que a deixa “super descansada”.
Vivem numa casa amorosa, cujas paredes amarelo-esponjado foram pintadas pela amiga Cuca que tem uma jeiteira de mãos e adora ajudar. O chão é de tacos de madeira e em algumas divisões é coberto por tapetes de arraiolos herdados da tia Bibinha, tia-avó de Bernardo. Também herdados foram os quadros de caça, estilo inglês, cujo passpartout verde garrafa faz um contraste lindo com o amarelo esponjado das paredes. “Ainda vou convencer o Bernardo a por aquele papel de parede lindo que vi na Prata e Casa!”.
A Francisca e o Bernardo adoram-se, adoram os seus “pequeninos”, e mais importante que tudo, adoram o bairro onde vivem! “Está tudo à mão! Farmácias, drogarias, pastelarias óptimas..Ah! E é só pessoas conhecidas. Não há um dia que vá ao Pingo Doce e que não encontre alguém!”.
As manhãs começam sempre com o pequeno almoço juntos, e juntos vão para o Colégio. Bernardo, Delegado Comercial na Santomar, leva a família todos os dias ao colégio.
Foram diversas as vezes que pensaram em comprar um carro para Francisca, mas chegam sempre à conclusão que não vale a pena – “para quê?! De casa ao colégio são 10 minutos no máximo! E os pequeninos gostam sempre de passar pelo Jardim da Parada ao fim do dia. Não é por acaso que a primeira palavra que o Lourenço balbuciou foi Cão! Que amor!”.
O dinheiro poupado no carro é canalisado para as férias grandes. “As melhores do mundo!”. Todos os anos, Bernardo,juntamente com os irmãos, alugam uma casa em São Martinho do Porto. O auge das férias são os Jogos de Verão e o Baile da Chita –todos participam!
Uma vez que tem férias escolares, Francisca passa a última quinzena de Julho com a sogra e os sobrinhos em Moledo. “É o estágio para São Marinho”. “A Tia Ginha é amorosa e aluga uma casa para os netos. É A balbúrdia, mas os pequeninos deliram”.
Podia perfeitamente ser um trecho do “Vestido de Lantejolas” da Rita Ferro. Mas é apenas um ensaio sobre a família-tipo de Campo D’Ourique.
O meu ódio por Campo D’Ourique tem muitos anos, mas está numa fase particularmente aguda.
São dois os principais motivos que me fazem odiar Campo D’Ourique: as pessoas e “o bairro”.
Em primeiro lugar, as pessoas! Caturras de classe média, ridiculamente pouco ambiciosos, cuja apoteose das suas vidas são as tais férias em São Martinho do Porto. Quando digo ambição, não é num sentido de calculismo frio e irracional, mas na perspectiva de crescimento e valorização pessoal, social e cultural.
Certamente que há excepções, mas garanto-vos que a maioria dos homens de Campo D’Ourique são Bernardos, vendedorezecos de automóvel.
Para além deste padrão de comportamento das famílias, acresce a densidade com que elas existem – são mais que às mães! Será possível, caído da cama, desçer à pastelaria por baixo de casa e dar de caras com a Xaxão ou com a Constancinha filha do Zé Lourenço?! E a privacidade? Que inferno!
O outro motivo pelo qual odeio Campo D’Ourique, e que considero um verdadeiro insulto à cidade de Lisboa, é o facto de os caturras que lá habitam se referirem ao seu bairro como se de um verdadeiro bairro se tratasse.
É imperativo para um bairro ser verdadeiro, ter o seu tecido urbano classificado com malha irregular. Basta que as ruas façam ângulos de 90º graus para que um bairro deixe de ser o verdadeiro bairro.
Alfama é um bairro. Madragoa é um bairro. O Bairro Alto é um bairro. Porque são genuínos e as suas ruas cresceram de forma desordenada e irregular. Existia uma rua, depois, como já não havia espaço na primeira para a padaria, fez-se uma segunda, e por aí em diante. É uma ideia primária de crescimento urbano, mas que efectivamente está na génese da mística de um verdadeiro bairro. A roupa pendurada, a TV das velhinhas aos berros, etc etc.
Não brinquem comigo (nem com os verdadeiros bairros) quando dizem que Campo D’Ourique, esse bairro de classe média e malha urbana ortogonal é um verdadeiro bairro!
O que me deixa mais aflito, daí ter referido estar numa fase mais aguda no que diz respeito ao ódio, é que as novas gerações continuam a adorar Campo D’Ourique. Como é que é possível!? Ingenuamente pensava que, a partir do momento em que os inúmeros amigos que tenho em viver em Campo D’Ourique se emancipassem, certamente iriam tomar a sua opção e abandonariam o bairro dos seus pais. Mas não! Efectivamente os meus amigos, que by the way até são muito cool e mais-não-sei-quê, querem continuar a cruzar as ruas simétricas e a sentir o cheiro a bosta do Jardim da Parada.
Enfim....apesar de não estar resignado e de não ter desistido da luta, já me imagino a jantar na mesa Companhia do Campo do Joãozinho, uns estupendos panadinhos com arroz de pimentos da Sopa Amarela.
Valha-me Deus!
Para concluir esta que foi a minha primeira intervenção n’A Cooperativa, deixo o meu bem haja aos seus redactores. É uma iniciativa muito interessante e que fazia falta. Na verdade muitos assuntos importantes e ideias geniais são discutidas em foruns de amigos nas noites de bebedeira mas, derivado às circunstâncias, acabam por cair em esquecimento.
Que A Cooperativa dure por muito tempo. E que os seus autores saiam de Campo D’Ourique!
Sem me querer alongar em discussões estéreis, longas e sobretudo inúteis como seriam discutir passpartouts, delegados comerciais da Santomar, S. Martinho do Porto e quejandos, tudo bem espremido (e muito bem espremido) resume-se a duas coisas:
1-A classe média
A classe média de Campo de Ourique não corresponde, em absoluto, à descrição que aqui é feita o que só demonstra um total desconhecimento sobre o que é a classe média e sobre o que é Campo de Ourique.
Campo de Ourique tem uma longa tradição na classe operária, hoje é um bairro estupidamente envelhecido, cujo rejuvenescimento foi totalmente parado por força da especulação imobiliária feita pelos Construtores Civis.
2-O Bairro
Argumentar que bairro, bairro é Alfama ou Bairro Alto é no mínimo, aberrante. Mas torna-se um pouco mais que isso quando se gasta metade de um comentário inteiro a assegurar que os habitantes de Campo de Ourique podem fazer toda a vida no Bairro (não precisando inclusive de carro), para depois vir justificar que um bairro, para o ser, tem de ser um caos.
Mas obrigar que um bairro para poder usar esse nome tenha de ser desorganizado, caótico e em ruas oblíquas revela um total desconhecimento dos bairros antigos portugueses e não só.
Campo de Ourique foi inspirado, na sua construção, no “quartier latin” parisiense, precisamente para acabar com a “salganhada” das ruas estreitas, da calçada portuguesa. Queria-se um bairro funcional e foi isso que se obteve.
Campo de Ourique é um bairro repleto de história eminentemente operário na sua fundação, que evoluiu para se tornar bairro de escritores e artistas, donde o Domingos Sequeira, o Azedo Gneco, o Sttau Monteiro, o Fernando Pessoa, o Almeida Garrett e o Alfredo Marceneiro, sendo actualmente um bairro residencial de classe média-baixa.
Só quem aqui nunca viveu, e desconhece a noção de bairro por residir em sítios tão inóspitos como a almirante Reis, ou o Técnico passando pela Fonte Luminosa pode, em consciência, não chamar bairro a Campo de Ourique ou pretender demonstrar que Campo de Ourique são só Bernardos e Franciscas (porque esses existem em todo o lado e cada vez mais no chiado, bairro alto e alfama com renda apoiada à custa de muitos subsídios do IGAPHE).
O dicionário nunca nos deixa ficar mal. E o que diz o Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa? Entre outras coisas – como a definição de calote ou desossado – diz que bairro é: “(...) Conjunto habitacional com homogeneidade e características próprias, dentro de uma povoação. A não ser que seja habitado por pelo menos um casal de Bernardo e Francisca. Nesse caso, não pode, em circunstância alguma, ser chamado de Bairro.” De maneira que vou ter de dar razão ao anónimo. Tenho pena, Domingos, é mesmo assim.
Quanto ao poder chamar-se bairro a Campo de Ourique, sem querer entrar em discussões sobre urbanismo, remeto só para uma busca no Google com os termos “bairro” e “campo de Ourique”, que nos revelam que os jornais, blogues, sites de turismo e outros, teimam em tratar Campo de Ourique como bairro. Há que rever os livros de estilo.
E a questão do traçado ortogonal? Quem foi o tolo que resolveu chamar Bairro Azul àquele conjunto de ruas que, se ainda me lembro da matemática, fazem ângulos de 90º? E o Bairro Alto? Aquilo também não são ângulos de 90º? A não ser que sejam vistos às 3 manhã, quando se volta para casa depois de umas cervejas. Aí, sim, as ruas parecem mais desordenadas
Quanto às considerações sobre os habitantes de C. Ourique, são opiniões. Fizeram-me reflectir. Realmente, o que abunda em C. Ourique é gente ridiculamente pouco ambiciosa. Ao contrário dos empreendedores dum Bairro Alto ou de uma Alfama, gente cuja ambição salta à vista. Aliás, as pessoas não a escondem e mostram-na orgulhosamente a quem passar por lá. Nomeadamente, enquanto estão sentados, orgulhosa e ambiciosamente, nas soleiras das portas das suas casas. É gente que se valoriza, não há dúvida.
Apesar do anónimo nos garantir que a maioria dos homens de Campo de Ourique é vendedora de automóveis, confesso que, em 26 anos que lá vivi, só conheci um. E nunca conheci ninguém que fosse passar férias a S. Martinho do Porto. Mas se ele nos garante...
Depois de ter lido os comentários a este ridiculo artigo sobre Campo de Ourique, chego facilmente a uma conclusão:
Há mesmo gente que merece viver naquele "cafufu". Nomeadamente quem o defende. É a mesma coisa que andar com uma gaja muito feia e achar que ela é linda. Que ter um carro muito mau e achar que tem um Formula 1. Que sofrer de ejaculação precoce e achar-se o T T Boy.
Resumindo: gente que não vai ter mais do que uma vida TRISTE e CINZENTA, mas que a vai achar a melhor do mundo.
Enrico, és Palazzo ou Pallazzo? Posso chamar-te só de pallazzo?
Olha rico,
Voce julgava que eu estava ligado ao meio do espectáculo, era isso?
Entao, escreve o que te vou dizer:
PE-dro Santos, Apartado 4232, Santarém.
Tá óvir-me? Rico?
Tás-móvire?
Um abraco pra si um beijinho pra ti, rico... 'deus... 'deus...
Wolfman
Oh Wolfman (´nick panasca), tu gostas muito daquele actor de novela...ai, não me lembro do nome...aquele...que entrava no Uga Uga...Humberto Martins! Não gostas?
Olha,... Rico,...
Tás móvire?...
Vó-ce tem fó-tós suas,... TU-TALMENTE: nu?
Wolfmanino
Preferes que te chamem Wolfman ou lobinho? Aposto que os teus amigos te tratam por lobão quando estás em posição quattro patti. Eu prefiro Enrico Palazzo.
Já estou a ter problemas...
Sem querer ser mediador acho que isto já está a passar das marcas.
Não vejo utilidade nenhuma em continuarem a ofender-se.
Agradecia que o assunto acabasse por aqui.
É o nível a descer e a qualidade a subir.
Pallazzo, só me chamam lobao quando é para me servir os 'tre piatti', nao os 'quattro patti'.
DC, a intervenção é interessante: não quer ser mediador, mas intervem precisamente para mediar...É tipo aqueles que dizem, eu não vou dizer quem partiu o prato, mas o sacana do João vai pagá-las.
Estou a estranhar esta discussão que nada tem a ver com o tema do post...Isto agora é um chat, é isso?!
Mas qual discussao?! Nao há discussao nenhuma!
Um gajo nao pode abardinar, é?
Até aqui eu era o único a faze-lo. O palazzo veio-me - finalmente - fazer-me companhia (a propósito deste post) e dar um bocadinho mais de cor á cooperativa e agora vem os daltónicos dizer que há muito preto, só porque comecámos a utilizar umas cores mais escuras nos desenhos?!!!
Estou bunito, estou...
Tou para ver o que diriam se eu mandasse o link da cooperativa ao Jack Johnson...
Wolfman
nick panasca
Quattro patti
Tre piatti
Enviar um comentário